Presidente-candidata abusou de frases longas e rodeios e esquivou-se dos temas mais espinhosos – em alguns casos, simplesmente porque não respondeu
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Na primeira pergunta, William Bonner tratou dos muitos escândalos do governo petista e perguntou se era difícil escolher pessoas honestas para preencher os cargos do governo. A presidente não respondeu diretamente: optou por tratar das instâncias de combate à corrupção. "Nós fomos o governo que mais estruturou os mecanismos de combate à corrupção, a irregularidades e malfeitos", disse ela, que também minimizou os escândalos. "Nem todas as denúncias de escândalo resultaram em realmente a constatação que a pessoa tinha de ser punida e seria condenada".
A petista também se escudou convenientemente no cargo e foi evasiva quando o apoio do PT aos mensaleiros condenados por currupção pelo Supremo Tribunal Federal foi colocado em pauta: "Eu não vou tomar nenhma posição que me coloque em confronto, conflito, ou aceitando ou não (sic). Eu respeito a decisão da Suprema Corte brasileira. Isso não é uma questão subjetiva".
Em seguida, Dilma afirmou que a troca de César Borges por Paulo Sérgio Passos no Ministério dos Transportes – uma exigência do PR, envolvido em casos de corrupção na própria pasta, para apoiar a reeleição da petista – foi feita com base na integridade do nome indicado pela sigla. "Os partidos podem fazer exigências. Mas eu só aceito quando considero que ambos são pessoas íntegras e não só integras, são competentes", afirmou.
Quando o assunto foi economia, a estratégia foi a mesma: William Bonner perguntou se o governo não havia errado em nenhum momento na reação à crise internacional. A resposta foi o discurso-padrão apresentado pela presidente nos últimos meses: "Nós enfrentamos a crise pela primeira vez no Brasil não desempregando, não arronchando salário, não aumentando tributos e sem demitir", disse ela.
Em um dos poucos momentos significativos da entrevista, a presidente acabou admitindo que a saúde não está em padrões minimamente razoáveis: "Não acho", disse ela, antes de desandar a falar sobre o Mais Médicos, uma das bandeiras de sua campanha.
Já com o tempo estourado, Dilma ainda tentou pegar carona na comoção que tomou o país com a morte do candidato do PSB, Eduardo Campos, cuja frase final no Jornal Nacional – "Não vamos desistir do Brasil" –virou lema do PSB. "Eu acredito no Brasil", disse Dilma, que foi interrompida uma última vez enquanto tentava pedir votos aos eleitores.