Essa tendência a expressar opiniões fora da curva poderia ser pura jogada de marketing. Mas Elbaz fundamenta tão bem cada coisa que diz, e com tanta serenidade, que você termina concluindo estar na frente de alguém muito especial, que pensa e sente diferente, daí ser um dos mais geniais e originais estilistas de sua geração, responsável por transformar a Lanvin de tradicional maison francesa em power brandglobal.
Passei com ele quase duas horas, no showroom da grife no Halle Freyssinet, em Paris, entre compradoras de todas as partes do mundo, e ele parecia um buda em meio àquela babilônia fashion, sem jamais perder o fio da meada mesmo quando era interrompido por alguma fã mais ousada pedindo uma foto a seu lado para colocar no Instagram.
Elbaz não gosta da palavra cool porque acha falsa, pretensiosa, boba (na verdade ele disse lame, e nunca consigo achar uma tradução tão boa em português). Faz sentido, mas então por que resolveu que cool seria justamente uma das quatro palavras transformadas em colar best-seller, ao lado de happy, help e love. “Escolhi justamente porque me irrita. Foi um private joke. ” O tal do cool foi o colar que esgotou mais rápido. Alber, veja só, estava atrás de um para dar de presente-provocação a uma amiga que conhece seu horror, mas não havia sobrado nenhum.
Pergunto quais são suas inspirações. "Não acredito nessa história de inspiração. De você olhar para um país e fazer uma coleção inteira". E como faz então? "Desenho por intuição, não faço moda intelectual. Não acho que as mulheres queiram vestir uma ideia. Elas querem vestir um belo vestido, isso sim. A moda precisa ser simples, porque a vida já é complicada demais". Strike again, e parto para a provocação aberta, tentando equilibrar o jogo: o que acha do ritmo atual da moda, da necessidade de um estilista de fazer quatro, às vezes seis coleções por ano? "É como correr uma maratona em que você não perde nenhuma caloria. Mas fui treinado para isso, vou sobreviver".