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Not cool: o mundo da moda e as peculiaridades de Alber Elbaz

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Sensível, genial e diferente, o estilista da Lanvin conta como lida com a crescente pressão do meio por rapidez, como seu excesso de peso interfere na criação e revela qual a expressão que mais abomina no mundo

Nunca diga a Alber Elbaz que ele é cool. Muito menos chame assim as roupas que desenha há 13 anos para a maison Lanvin. “Detesto essa palavra. É o pior elogio que posso receber.” A ojeriza à expressão inofensiva não é sua única peculiaridade. Este israelense nascido em Casablanca, no Marrocos (o que já é de certa forma uma idiossincrasia), odeia primeira classe, não gosta de tirar férias, despreza o estilo das décadas de 70 e 80, prefere a moda comercial à intelectual e acha as mulheres mais fortes que os homens (“Nós somos poderosos, o que é uma coisa completamente diferente de força”, explica).

Essa tendência a expressar opiniões fora da curva poderia ser pura jogada de marketing. Mas Elbaz fundamenta tão bem cada coisa que diz, e com tanta serenidade, que você termina concluindo estar na frente de alguém muito especial, que pensa e sente diferente, daí ser um dos mais geniais e originais estilistas de sua geração, responsável por transformar a Lanvin de tradicional maison francesa em power brandglobal.

Passei com ele quase duas horas, no showroom da grife no Halle Freyssinet, em Paris, entre compradoras de todas as partes do mundo, e ele parecia um buda em meio àquela babilônia fashion, sem jamais perder o fio da meada mesmo quando era interrompido por alguma fã mais ousada pedindo uma foto a seu lado para colocar no Instagram.

Elbaz não gosta da palavra cool porque acha falsa, pretensiosa, boba (na verdade ele disse lame, e nunca consigo achar uma tradução tão boa em português). Faz sentido, mas então por que resolveu que cool seria justamente uma das quatro palavras transformadas em colar best-seller, ao lado de happy, help e love. “Escolhi justamente porque me irrita. Foi um private joke. ” O tal do cool foi o colar que esgotou mais rápido. Alber, veja só, estava atrás de um para dar de presente-provocação a uma amiga que conhece seu horror, mas não havia sobrado nenhum.

Elbaz odeia viajar de primeira classe. Mas por que, meu pai? “Preciso de gente, não de sofisticação (fancy foi o termo que ele usou)”, explicou. Ok, mas não gostar de férias? “É que sou control freak demais. E nas férias não há como ter controle sobre nada. ”Bom ponto, mas ainda assim acho estranho alguém só ter tirado quatro fins de semana de folga entre janeiro e setembro.“O lugar onde me sinto melhor na vida é em meu ateliê, cercado de belas roupas. Nas férias, em festas, me sinto feio. Quando estou no trabalho, sou fully beautiful.” A sinceridade me deixa sem ar e faz os olhos da PR brasileira que acompanha tudo mais ao longe encherem de lágrimas.

Pergunto quais são suas inspirações. "Não acredito nessa história de inspiração. De você olhar para um país e fazer uma coleção inteira". E como faz então? "Desenho por intuição, não faço moda intelectual. Não acho que as mulheres queiram vestir uma ideia. Elas querem vestir um belo vestido, isso sim. A moda precisa ser simples, porque a vida já é complicada demais". Strike again, e parto para a provocação aberta, tentando equilibrar o jogo: o que acha do ritmo atual da moda, da necessidade de um estilista de fazer quatro, às vezes seis coleções por ano? "É como correr uma maratona em que você não perde nenhuma caloria. Mas fui treinado para isso, vou sobreviver".

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